sexta-feira, 28 de junho de 2013

VOODOOPRIEST: EM BUSCA DE NOVOS HEADBANGERS PARA VOODOOZAR

Vitor Rodrigues concede entrevista ao Over Metal e fala dos planos do Voodoopriest, além de suas experiências enquanto integrante do Torture Squad e motivos da saída.  Numa conversa objetiva falamos até sobre  questões relacionadas ao índios no Brasil.  Entenda o por que nesta entrevista.

Rafael Arízio (R.A.) - O que aconteceu para você ter que sair do Torture Squad depois de tantos anos na banda?
Vitor Rodrigues (V.R.) – Senti que era o momento para novos desafios.

R.A. - Qual foi a emoção de ganhar o Metal Battle no Wacken?
V.R. – Indescritível. Com certeza foi um dos pontos altos da minha carreira até o momento. Esse ano fará seis anos dessa conquista, e a emoção continua com a mesma intensidade.
R.A. - O que isso representou para a banda na época?
V.R. – Abriu muitas portas e possibilitou para a banda um reconhecimento internacional. O Torture Squad voltou em 2008 como uma das atrações especiais do festival, e em 2009 rolou uma turnê com as bandas Gama Bomb, Exodus e Overkill. Em 2011, retornamos pela terceira vez ao festival.

R.A. - Como que se deu a formação do Voodoopriest?
V.R. – Após o anúncio da minha saída do Torture Squad, recebi muitas palavras de apoio dos fãs e convites para integrar determinadas bandas. Junto a isso, vários músicos me mandaram material. Um deles foi o César Covero, e mais tarde o Renato De Luccas, que após ser escolhido para tocar no Voodoopriest, chamou o Bruno Pompeo para o baixo. Na bateria, o Marcos do Claustrofobia meu deu um toque sobre o Edu Nicolini, então entrei em contato com ele e a formação estava pronta.
R.A. - Como tem sido a resposta do público com o Voodoopriest até agora?
V.R. – A resposta está sendo extremamente satisfatória, diria com toda a certeza que superou todas as nossas expectativas. Mesmo com poucos shows feitos, nota-se um feedback muito bom das pessoas.

R.A. - Você parece ter um lado bem espiritual ligado à cultura indígena, como se deu isso na sua vida?
V.R. – Eu convivo com isso muito antes de eu ter nascido. Meus antepassados, principalmente por parte de mãe, eram índios da nação Kamakan, mas com a invasão dos bandeirantes e fazendeiros na região de Vitória da Conquista (BA). Muitos deles foram massacrados e outros foram escravizados, principalmente as mulheres e crianças. Minha tataravó era índia das mais bravas e, por ser “selvagem” foi pega com rede. Pelos relatos da minha mãe, ela morava na caatinga, numa casinha de sapé e vivia do que plantava. Minha mãe cresceu nessa casinha e quando era viva me contava histórias de batalhas entre os próprios índios de nações diferentes, histórias passadas oralmente de geração a geração.

R.A. - Qual a sua opinião ao tratamento dado hoje em dia ao povo indígena no Brasil?
V.R. – Vergonhoso. Já li comentários de uma pessoa dizendo que se não houvesse a ação dos bandeirantes, a família dela não existiria e conseqüentemente ela também. Discordo totalmente disso. Existiria sim, e num país que respeitaria mais a terra e os seres que nela habitam. Seríamos o maior país indígena no mundo, mas infelizmente não é isso que vimos na realidade. O holocausto custou a vida de mais de 5 milhões de judeus, só que o maior genocídio foi o indígena. Os “descobridores” da América simplesmente deram cabo de mais de 15 milhões de índios somando todo o continente. Sem contar que no século XVII, 1.300.000 negros foram arrancados de suas tribos, colocados em navios, onde 40% deles morriam ao longo da viagem. Perdemos o respeito com os nossos antepassados substituindo pela filosofia do mais forte, ou seja, um pensamento totalmente primitivo.

R.A. - Qual a sua opinião sobre o conflito que ocorreu no norte do Brasil entre índios e fazendeiros.
V.R. – Vergonhoso. Vivemos numa sociedade que lembra muito a época da degeneração na Grécia antiga, a filosofia do pão e circo, ou seja, esperam que tudo vai cair do céu, esperam ser ajudados, não são incentivados a pensar, raciocinar, criticar... Reclamam da boca pra fora porque querem fazer parte daqueles que “lutam” por melhorias, mas quando é pra colocar a mão na merda... dissimulam. E tudo é um círculo vicioso, onde o povo não está nem aí, temos TV e é isso que nos importa. Temos um deus que perdoa todas as atrocidades, roubalheiras que eu fizer. Temos políticos coniventes com toda a maracutaia existente no governo. Isso tudo resultado da falta de investimento em educação. Não quero ser político ou me candidatar, mas aprendam uma coisa... nossos políticos são nossos FUNCIONÁRIOS! Você tem que exigir sim que eles cumpram com as necessidades de uma comunidade, de um povo, de uma nação. O voto está aí pra isso, mas infelizmente vejo que o voto nada mais é que um truque para você dar aval a mais um bandido no governo, porque se o voto realmente mudasse algo, ele seria proibido. Mexer na questão índios versus fazendeiros é mexer em um vespeiro porque muito se falava da reforma agrária nos meus tempos de moleque, e até hoje isso não foi resolvido. O interesse deles são outros, e o índio que estava aqui antes do estrangeiro chegar, está perdendo seu espaço a cada dia. Falta senso de justiça. Vergonhoso.


R.A. - E qual sua opinião sobre a expulsão dos índios no Museu do índio no Maracanã.
V.R. – Vergonhoso. Prova cabal do interesse em lucrar, lucrar e lucrar, não importa como e por que, mas de alguma forma ludibriar e tripudiar em cima das necessidades do povo. Já não basta o povo sem cultura, tem que roubar. Não sei aonde vão parar com tanta violência e desrespeito contra o índio.

R.A. - O EP de estréia da banda está ótimo, como que foi o processo de composição da banda?
V.R. – Muito grato pelo elogio, e o processo foi rápido. Eu tinha duas músicas compostas – melodia e letra – e o Renato De Luccas tinha mais uma. Ele juntou outras idéias com as que o César Coveiro tinha, e finalizaram mais duas músicas. Tivemos poucos ensaios e já entramos em estúdio. Foi uma experiência bacana porque surgiram muitas idéias na hora da gravação. A real é que todos participam no processo de composição do Voodoopriest, com idéias de arranjo em cima de uma idéia principal trazida por algum membro da banda. É assim que funciona a coisa.

R.A. - A gravação foi no Norcal estúdio em São Paulo, como foi à escolha desse estúdio?
V.R. – Já tinha trabalhado com o Brendan Duffey e o Adriano Daga no Aequilibrium, e daí formou-se uma grande amizade. Foi de certa forma natural a escolha do Norcal Studio para que gravássemos o Ep do Voodoopriest. O Brendan me auxiliou e muito nas letras, principalmente na parte da pronúncia, já que ele é americano, e tanto ele como o Adriano Daga sempre vinham com idéias muito boas que só enriqueciam as músicas do Voodoopriest.


R.A. - Recentemente a banda lançou seu primeiro clip para a música Juggernault, como foi a escolha da música para o clip e como tem sido a recepção dele até agora. A banda pretende lançar mais vídeos?
V.R. – A música Juggernaut é simples e direta e queríamos um clipe assim. O pessoal do Kaiowas Studios conseguiu captar de maneira magistral essa idéia e fizeram um clipe sensacional, mas sou suspeito em falar (risos). A recepção está sendo fantástica, e pretendemos na medida do possível lançar mais clipes sim.

R.A. - A banda tem previsão de lançar um disco inteiro? Tem alguma data prevista ou já iniciaram à gravação ou composição do material?
V.R. – Estamos compondo bastante, e já temos um bom material, creio que se tudo der certo poderemos entrar ainda esse ano para gravar o primeiro álbum full do Voodoopriest, mas ainda são suposições. Queremos fazer as coisas tranquilamente e sem pressão nenhuma.

R.A. - Com a experiência que vocês têm qual a avaliação que fazem do atual momento da cena brasileira?
V.R. – O atual momento é bom. Antigamente tínhamos que ir atrás de vinil e CDs, e quem tinha os CDs emprestava pra gente gravar em fitas K-7. Tenho centenas delas até hoje. Shows também eram precários, não tínhamos equipamentos de primeira linha, mas hoje a coisa toda está mais fácil. Você pode gravar um álbum usando uma placa de som no notebook, ou até mesmo enviando suas gravações via internet para qualquer lugar do mundo, sem falar nos downloads, mas mesmo assim o cenário está sempre em ebulição. O underground nacional é rico e, mesmo sem o apoio das grandes mídias, sempre estão surgindo muitas bandas. É o metal brasileiro forte e incansável, e um dia viramos a mesa!

R.A. - Recentemente aqui na região sul do estado do Rio de Janeiro, as bandas mais atuantes da cena se uniram para organizar seus próprios shows numa turnê chamada  “Metal Bastards Union", devido à precariedade e falta de boa estrutura, além de desgastes com promotores da região. O que vocês acham dessa iniciativa?
V.R. – Cara, acho bacana iniciativas como essa porque servem para fortalecer a cena. O que não concordo é, promotores brigarem entre si. Porque a banda fica numa espécie de fogo cruzado e quem perde é o público e a cena local. O Metal está acima de tudo isso, mas atitudes como essa, de desunião, vão a cada dia me desiludindo. O Wacken, o festival mais antigo da Europa foi concebido por 3 promotores da região que se uniram. Tudo começou quando os três se reuniam em um terreno com seus carros e ficavam lá ouvindo som, bebendo sua cerveja com os amigos, e aquilo foi crescendo, crescendo até os dias de hoje, onde o festival movimenta 80.000 pessoas todo ano. Detalhe: a cidade de Wacken tem 2.000 habitantes. Essa frase “A União Faz a Força” é um chavão, mas ela é uma verdade absoluta e gostaria que todos seguissem essa filosofia. Tudo é diálogo. Diálogo e respeito.


R.A. - Cite 10 álbuns que são clássicos e sempre foram grandes referências para você.
V.R.
Judas Priest (Painkiller)
Black Sabbath (Heaven and Hell)
Nevermore (Dead Heart In a Dead World)
Carcass (Heartwork)
Slayer (Reign In Blood)
Anthrax (Among The Living)
Morbid Angel (Altars Of Madness)
Sepultura (Arise)
Iron Maiden (Powerslave)
Pantera (Vulgar Display Of Power).

R.A. - O que a banda traçou para o restante de 2013?
V.R. – No momento nossas prioridades são ensaiar, e fazer shows, e no meio disso tudo estamos compondo também. O plano primordial, o grande objetivo do Voodoopriest é ser reconhecido internacionalmente. Mas para atingir essa meta, precisamos firmar o nome aqui no Brasil. Apesar de atuantes na cena, estamos começando do zero e até você ser reconhecido vai demandar certo tempo, mas estamos confiantes e curtindo essa nova experiência.

R.A. - Próximas agendas/turnês?
V.R. – Estamos conversando com os promotores de todo o país. Lançamos um EP que foi muito bem recebido pela crítica e pelo público, e estamos doidos pra mostrar nossa música para os headbangers do Brasil.

R.A. - Considerações finais e recados para os leitores.
V.R. – Primeiramente quero agradecer a você Raphael e ao Over Metal Zine e desejo muito sucesso a todos. Aos headbangers o meu mais sincero MUITO OBRIGADO, pois se estou aqui é graças aos fãs e admiradores do meu trabalho. Sou muito grato por essa energia e espero encontrá-los novamente e voodoozar todos vocês!
VOODOOPRIEST


Entrevista por Rafael Arizio - Over Metal

quinta-feira, 27 de junho de 2013

FORKILL: MUITA EXPERIÊNCIA, DISPOSIÇÃO E UM THRASH METAL SEM FRESCURAS

A banda Forkill que já está há 3 anos ativa atendeu a solicitação do Over Metal concedendo uma excelente entrevista, onde conversamos sobre o atual momento da banda, experiências, gravações e processos internos. Aproveitamos também para analisar o atual cenário underground e também o cenário político do Brasil. Falamos também das influências da banda e obtivemos boas risadas com fatos inusitados, entre eles forrozeiro bêbado insatisfeito com o som da Forkill (risos).  Quer entender melhor essa história, então leia até o final a entrevista realizada com Joe e Ronnie.  Boa leitura a todos.
Filipe Lima (F.L.) - Em primeiro lugar, obrigado Joe e Ronnie por atender o Over Metal e conceder esta entrevista.  Bom, qual a avaliação que vocês fazem desses 3 primeiros anos do Forkill?
Joe: Muito trabalho, às vezes até demais.
Ronnie: Eu e o Joe temos “ondas” criativas e geralmente quando eu to em baixa ele ta produzindo e vice versa, então esses 3 anos foram realmente de muito trabalho.
F.L. - O som do Forkill é um Thrash Metal baseado na velha escolha, isso é intencional ou foi um processo natural ao montar a banda?
Ronnie: Acho que um pouco das duas coisas, é natural para nós tocarmos o estilo já que todos gostam muito de Old School, mas também foi intencional de certa forma por vermos que havia uma falta de bandas que abordassem o gênero da maneira que pensávamos que seria legal.
Joe: Claro que existem ótimas bandas de thrash hoje em dia, mas todas diferentes do que queríamos fazer. Apesar das nossas origens diferentes dentro do metal, a combinação do que somos deu nesse Thrash rápido, pesado e agressivo.
F.L. - Uma banda normalmente aborda temas diferenciados nas letras, mas sempre há uma veia central que norteia o que a banda expressa nas músicas.  Existe isso no Forkill, há uma temática principal?
Joe: Olha, na verdade não temos um único tema, as coisas variam entre assuntos que prendem mais nossa atenção como guerras, psicopatas, religião e até a própria cena do metal brasileiro podem fazer parte do que uso para criar as letras.
Ronnie: Eu e o Gus (baixo) somos aficionados por ufologia e ficamos perturbando o Joe para ele escrever algo sobre o assunto, mesmo que seja uma leve menção, já o Marc (bateria) pede sempre assuntos mais politizados como guerras e conflitos e o Joe gosta de relatos sobre psicopatas e assuntos que envolvam ocultismo e religião então não há realmente um assunto fixo para as letras.
F.L. - Em relação ao 1º CD Full-Length do Forkill, nos conte resumidamente sobre o processo e qual a avaliação que fazem do resultado final?
Joe: Eu sou um rato de estúdio, me amarro no processo de ficar gravando e “polir a track” passo horas no estúdio e acho muito foda. O processo de gravação desse CD foi bem rápido, pois já tínhamos bastante intimidade com a maioria das faixas e cada um precisou somente de 1 dia para gravar suas partes e o Robertinho de Recife (produtor do CD) deixou a gente bastante confiante durante todo o tempo.
Ronnie: É claro que ficar muito tempo junto trancado no estúdio gera alguns conflitos, mas alguns caras da banda são brigões crônicos e a gente já está acostumado com isso, mas no geral foi muito divertido gravar sim e o resultado ficou além do que esperávamos.

F.L. - Composição das músicas como isso acontece na banda?
Ronnie: Nós tentamos ser democráticos, mas não deu muito certo então a coisa voltou para as minhas mãos e do Joe. O Marc e o Gus têm total liberdade para criar as partes deles e opinar no que é apresentado, mas a composição sempre parte de nós dois. Claro que se qualquer um da banda chegar com uma ideia realmente boa ela será utilizada.
Joe: Geralmente um apresenta uma seqüência de riffs e o outro vai ajudando a moldar as partes para criar a base de tudo, aí todos os 4 discutem o que deve mudar e repassamos a base constantemente enquanto eu vou criando uma melodia e a métrica pro vocal.
Ronnie: Durante essas passagens nós definimos o ponto onde serão os solos e simplesmente solamos.
Joe: A gente tenta solar bem, mas o melhor é que como ensinou o Jeff Hanneman, a gente simplesmente não se importa. Fazemos o que sabemos fazer, representamos a agressividade do que estamos tocando com os nossos solos, sejam eles melódicos ou caóticos, mas ninguém aqui ta tentando ser um virtuose.
Ronnie: As letras sempre são escritas pelo Joe com idéias que eu passo ou que ele mesmo cria, a gente reveza e intercalamos quem cria o tema de cada música.
F.L. - Qual o aprendizado obtido trabalhando com Robertinho de Recife na produção de um trabalho do Forkill?
Joe: “Sempre dê um fone ao seu baixista.”. Desculpe piada interna! Na verdade aprendemos tudo com ele. Nunca tínhamos entrado em estúdio com aquele nível de comprometimento e com alguém com o conhecimento dele e com a vontade de ensinar como tudo era feito.
Ronnie: Ele realmente foi um grande produtor e professor para nós, com certeza nos deu ensinamentos que vamos levar para todas as gravações que vamos fazer.

F.L. - O que pra banda ainda é lamentável na cena underground brasileira?
Joe: Vou ser clichê, mas é lamentável a galera pagar 300 pratas p ver um show de gringo e dar a desculpa que não vai ao show de banda do underground nacional porque 15 pratas é muito caro.
Ronnie: Produtores darem preferência para banda cover também é algo lamentável. Vemos que o pessoal de SP fala muito disso e aqui no RJ ta ficando igual.

F.L. - Qual parte da engrenagem do cenário underground está precisando de reparos?
Joe: Tudo anda meio “enferrujado”, mas algumas partes mais que outras.
Ronnie: Acho que a partir do momento que os produtores e organizadores conseguirem achar um ponto de equilíbrio entre ganhar grana e ajudar a cena a crescer a máquina passa a funcionar melhor.

F.L. - Percebo que a banda defende a unidade na cena pelo metal e o desprendimento de separatismos (estilos/vertentes principalmente), fale mais sobre essa questão.
Ronnie: Não dá para conseguir nada separado. Tem muita banda que pensa só em si e acaba se tornando a maior estrela na sala A das 19h às 21h de um estúdio qualquer, ou seja, não vai a lugar nenhum e nem colabora para que o estilo cresça.
Joe: Não tem essa de que um estilo de metal não pode colaborar com o outro. Nós somos amigos, divulgamos e apoiamos bandas de Death Metal, Grindcore, Metalcore, Hard Rock, Stoner Metal, etc. No final quem sai ganhando é a música pesada e quem curte o som. Se você me encontrar num bar pode dar de cara na mesma mesa com o Luciano do Tamuya, o Carlinhos da Statik Majik, o Felipe Eregion do Unearthly, o Angelo do Gangrena Gasosa, o André DeLacroix do Metalmophose/D.A.D., etc. Não deve existir disputa entre os gêneros do metal senão nada acontece.

F.L. - Em breves palavras fale sobre cada uma dessas bandas:
Exodus – Técnica a serviço do peso. Todos são músicos excelentes e curtimos muito.
Slayer – Nossa maior influência, inconscientemente o som da Forkill foi ficando cada vez mais parecido com o do Slayer e isso deve permanecer assim.
Anthrax – Caught in the Mosh sempre rola no aquecimento dos ensaios, a mistura do metal com o punk e hardcore também se faz muito presente no nosso som.
Testament – Só o Joe não gosta deles… o resto da banda ouve todo dia.
Destruction – Apesar de ser uma grande banda e já terem nos comparado a eles não é um influência direta.
Sodom – Todos ouvimos e curtimos muito.

F.L. - Sempre reservo um espaço pra falarmos de temas da atualidade, de forma 
resumida qual a opinião sobre:
1. Atual Governo Brasileiro: 
Estão começando a ver que o povo tem voz e que cansou de ficar “Deitado eternamente

em berço esplêndido”.
2. Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil: Eventos que seriam bem vindos em outro
momento do país. De que adianta termos tudo isso acontecendo se os hospitais e 
escolas ainda precisam de tanto investimento?
3. Redução da maioridade penal: Talvez não seja a coisa ideal a se fazer, mas que
algo deve mudar urgentemente no trato do menor infrator é cada vez mais evidente.
F.L. - Ronnie você toca há quase 30 anos e você Joe há quase 20 anos e isso proporcionou muita experiência, quais são as lições aprendidas?
Joe: A principal coisa que aprendemos é que ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Não vamos somente com o nosso trabalho conseguir mudar uma cena que foi marginalizada e depreciada durante tanto tempo. Somente nos unindo a outras bandas e sendo companheiros, tendo um ideal em comum que podemos conseguir algo melhor para todos.
Ronnie: Claro que sempre tem aqueles que querem se aproveitar do trabalho alheio para pegar uma carona, mas tudo pelo que passamos também nos ajuda saber identificar quem são essas pessoas.
F.L. - Sempre tentamos resgatar algumas histórias grotescas das bandas relacionadas às viagens ou dia a dia da banda, enfim compartilhe com nosso leitores alguns fatos.
Joe: Teve uma vez que estávamos chegando ao nosso estúdio de ensaios e o Ronnie veio reclamando o tempo todo do cheiro de merda que estava na sala e quando percebemos, ele mesmo havia pisado num monte de bosta de cachorro e tinha deixado um rastro por todo o lugar.
Ronnie: No nosso show em Volta Redonda havia um cartaz na porta do local anunciando um show de forró na semana seguinte ao nosso evento. Os produtores nos disseram que um bêbado olhou o cartaz, se confundiu com a data, entrou e depois de uns 15 min assistindo saiu xingando dizendo que aquela era a pior banda de forró que ele já tinha visto...


  


F.L. - Quais são os planos para o restante de 2013 e o futuro da banda?
Joe: O principal é conseguirmos lançar o CD, depois disso vamos focar na divulgação e distribuição do material tentando agendar a maior quantidade de shows possível.
Ronnie: Com relação ao futuro já temos novas músicas compostas e vamos tentar manter um esquema de gravação contínuo, com pelo menos 1 música nova sendo gravada a cada 2 meses e quando tivermos material suficiente para um novo CD juntamos tudo e lançamos. Estamos buscando também um selo e outras parcerias para podermos tornar tudo um pouco mais fácil para banda e para quem quiser adquirir o nosso material já que dessa vez estamos realizando tudo por nós mesmos.

F.L. - A agenda do Forkill está aberta para o 2º Semestre de 2013, o que já está confirmado?
Joe: dia 13/7 temos um show no Planet Music em Cascadura (Festa DEMO) e 16/11 em Nova Iguaçu, no Studio B. Por enquanto somente essas datas confirmadas.

F.L. - Deixe um recado final para nossos leitores.
Ronnie: Nós agradecemos a você pelo espaço e o apoio de sempre à Forkill e à cena do metal. Muito obrigado a todos que nos acompanham e esperamos em breve estar com o CD em mãos para poder mostrar o trabalho para todos vocês.


Joe: Muito obrigado e como sempre: “SEE YOU IN THE PIT \m/”


Obrigado Joe e Ronnie mais uma vez.  Nos mantenha informado sobre as novidades relacionadas ao Forkill.  Até a próxima. Filipe Lima - Over Metal

HEADHUNTER DC: UM VERDADEIRO CULTO AO DEATH METAL





Headhunter DC uma das grandes e principais bandas de Death Metal brasileiro atendeu ao Over Metal, concedendo uma entrevista muita importante e rica para a cena underground, onde Sergio "Baloff" Borges fala do atual momento, a recente turnê européia, compartilhando suas experiências nesses mais de 25 anos de estrada da banda.


Confira a entrevista.

Rafael Arízio (R.A.) - Em primeiro lugar obrigado por atender o Over Metal e nos conceder esta entrevista.
Sérgio Baloff (S.B.): Obrigado a vocês pelo espaço e suporte! Deixemos o luto profano começar...

R.A. - A banda recentemente retornou de uma turnê na Europa, qual foi o saldo dessa turnê?
Baloff: O balanço que faço de nossa primeiríssima turnê na Europa em 25 anos de carreira (na verdade 26 completados em maio...), a “... In Unholy Mourning for God... European Tour 2013” é o mais positivo possível, com vários shows extremamente memoráveis, grandes encontros com fãs – novos e antigos –, novas amizades e contatos feitos, boa cerveja, boa comida (e às vezes não tão boa também...), alguns dias sem banho (como de costume...) e, é claro, alguns “perrengues” típicos de um giro como esse, mas o mais importante, entre aspectos positivos (em sua grande maioria, felizmente) e negativos é a sensação do dever cumprido em ter levado o Culto da Morte ao Velho Mundo com o mesmo furor e sangue nos olhos com os quais costumamos a espalhá-lo aqui em nossa terra, o Brasil. Finalmente pudemos ver ‘in loco’ aquilo que costumamos notar de longe, que é o grande respeito e admiração que os europeus têm pelo Metal verdadeiro feito do lado de cá do planeta, daí o fato de sermos uma grande escola realmente para uma legião interminável de bandas e maníacos mundo afora, o que nos faz questionar, mais uma vez, o porquê de nem sempre termos esse mesmo respeito dentro de nosso próprio país, mas isso já é assunto para outra conversa...

R.A. - Como foi feito o contato para essa turnê gringa com o Nervochaos?
Baloff: Já tínhamos a idéia de realizar essa tour européia há alguns anos, mas somente ano passado foi feito o contato definitivo com a Roadmaster Agency, do meu amigo Daniel Duracell, que nos enviou sua proposta e a quem somos muito agradecidos por ter tornado esse nosso primeiro giro no Velho Mundo possível. Termos tido o Nervochaos junto com a gente nessa jornada foi algo muito prazeroso, o que fortaleceu ainda mais a amizade que já tínhamos com o nosso amigo e irmão Edu Lane, assim como permitiu que conhecêssemos e também nos tornássemos amigos dos outros membros da banda. Esperamos por novas parcerias com os caras em breve! Nervohunter Chaos Cult shall return!!! HAHAHA!!!!!!!!

R.A. - Quais as principais diferenças que a banda percebeu dos bangers europeus para os Brasileiros?
Baloff: Pegamos todo tipo de público, cara, dos mais “calmos” aos mais selvagens, mas todos sempre muito receptivos e dando um grande suporte à banda. De qualquer forma, nada se compara ao público brasileiro, que, talvez por não disporem de tantos shows de Death Metal como lá fora, é sempre um show à parte em cada apresentação nossa.

R.A. - Como está a repercussão do último disco ...In Unholy Mourning...?
Baloff: A receptividade de “...IUM...” na cena tem sido grande, com muitos reviews positivos em diferentes publicações mundo afora – alguns deles colocando-o entre os melhores lançamentos de Death Metal de 2012, o que mais uma vez nos deixa muito orgulhosos por todo o árduo trabalho desenvolvido – e também uma excelente aceitação por parte dos fãs da banda e amantes de Death Metal em geral, a quem nosso trabalho é realmente voltado. Creio que com o lançamento oficial do álbum em CD e LP na Europa em breve via Evil Spell Records a tendência é que essa repercussão aumente e assim mais maníacos mundo a fora tenham acesso ao mesmo.

 
R.A. - No novo disco tem uma música chamada "Hail The Metal of Death!", de quem foi a idéia e como foi a concepção desse hino ao metal da morte?
Baloff: “Hail the Metal of Death!” tem música e letra minhas, assim como todo o álbum (com exceção do cover do ThrashMassacre), e a idéia foi basicamente a mesma que tive quando escrevi “Long Live the Death Cult”, ou seja, pagar tributo ao Death Metal com uma música e letra que honrem a sua verdadeira essência. Pelo menos em nossa concepção, atingimos o nosso objetivo da melhor forma possível.

R.A. - A banda existe a quase trinta anos interruptos, isso é um feito no Brasil quando falamos de metal extremo. Como é manter uma banda de Death Metal por todos esses anos num país como o Brasil?
Baloff: É uma mistura de sentimentos, cara: orgulho por sermos mais fortes do que quaisquer percalços que tenhamos enfrentado e honestos o bastante para jamais termos sucumbido a quaisquer modas e tendências ridículas que sempre infestam a cena e que com elas levam o caráter e a personalidade daqueles que um dia clamaram ser “verdadeiros”, e por outro lado, às vezes certa decepção também por nem sempre sermos reconhecidos dentro de nosso próprio país por esse “feito” (usando suas próprias palavras), mas felizmente o primeiro sentimento sempre prevalece, o orgulho sadio, que anda lado a lado com a honra de representarmos o Death Metal brasileiro da forma mais genuína possível, e é esse tipo de sentimento que nos mantém firmes, fortes e de cabeça erguida no caminho que escolhemos seguir. HAIL VICTORY!!!

R.A. - Quais as melhores lembranças de vocês sobre os anos 80, que foi a época de ouro para o Metal em geral no Brasil, e qual característica que tinha nessa época e que falta hoje em dia?
Baloff: Existem aspectos sobre os anos 80 que não dá pra explicar para quem não viveu aquela época, pois dificilmente irão absorver a idéia da maneira correta. Um deles é a magia que reinava naqueles anos de glória, uma atmosfera diferente, difícil de explicar através de breves palavras sem que se seja interpretado apenas como “saudosista” como muito costumo ouvir por aí. 
A característica primordial dos anos 80 em minha opinião era a originalidade, identidade e todo o sentimento revolucionário dentro da música, algo que dificilmente encontramos nos dias atuais, não por não existir mais nada a ser explorado dentro desse vasto universo, afinal de contas não existem fronteiras para a Arte, mas sim devido à escassez de sentimentos verdadeiros que deram lugar à banalidade e à mediocridade na própria Arte, na Música, no Metal atual. Felizmente existem as exceções e, como sempre, são estas que mantém a velha chama acesa.

R.A. - Quais foram as bandas que inspiraram a criação do Headhunter D.C.?
Baloff: Algumas. Sodom, Bathory, Slayer, Tormentor/Kreator, Hellhammer, Messiah, Sepultura, Holocausto, Mutilator, Death, Poison (GER), algumas das primeiríssimas bandas de raw Hardcore, Blood Feast entre outras…

R.A. - O que falta para alguma banda Brasileira despontar na Europa como o Krisiun, por exemplo?
Baloff: Eu não saberia bem ao certo, mas acho que o principal é o foco. Se todos numa banda tiverem o mesmo foco e forem verdadeiros naquilo que fazem, junto, é claro, com a certeza de seu talento, todos têm muitas chances de despontar na Europa e em qualquer lugar do mundo.

  

R.A. - Recentemente aqui na região as bandas mais significativas se uniram para organizar seus próprios shows numa pequena turnê chamada 4 Metal Bastards Union, devido a precariedade, falta de bom senso e oportunismo dos promotores da região que só visam o próprio lucro. O que vocês acham dessa iniciativa?
Baloff: No mínimo louvável e acho que o exemplo deveria ser seguido por outras bandas e outras cenas, desde que essas bandas possuam fortes elos musicais e ideológicos entre elas.

R.A. - O que vocês acham que falta para acontecer para a cena Brasileira algum dia poder ter uma estrutura como a Europa?
Baloff: Acho que a Cultura é a palavra-chave para o desenvolvimento de qualquer forma de veículo para a disseminação de idéias fortes e música idem. A partir do momento que o próprio público e as bandas passarem a encarar a cena metal Underground com mais seriedade (assim como é encarada lá fora) ao invés de uma simples “fantasia juvenil”, creio que esse quadro atual irá mudar gradativamente.

R.A. - Cite 10 álbuns do Metal mundial que são marcantes em sua opinião.
Baloff:
Iron Maiden – Piece of Mind
Black Sabbath – Master of Reality
Immolation – Dawn of Possession
Hellhammer – Apocalyptic Raids
Possessed – Seven Churches
Sepultura – Morbid Visions
Kreator – Pleasure to Kill
Slayer – Hell Awaits
Death – Scream Bloody Gore
Slayer – Show no Mercy

R.A. - Agenda 2013: o que já está fechado?
Baloff: Os shows pelo país voltarão a acontecer a partir de agosto. Após a turnê estamos dando uma breve parada para dar uma atenção maior a alguns projetos que queremos realizar ainda esse ano, como, por exemplo, o lançamento de um EP ou split EP, então desde já estou me dedicando ao desenvolvimento de novas odes à morte e à decomposição divina...


R.A. - Considerações finais e recado para nossos leitores
Baloff: Agradeço mais uma vez pelo espaço e suporte e convido a todos a unirem-se a nós em luto profano por Deus. A saga continua... DEATH BY METAL!!!


Entrevista por Rafael Arízio - Over Metal